Muitos se perguntam quais são as principais diferenças entre cuidar de orquídeas em casa ou em apartamento. Na realidade, cultivar orquídeas em ambientes domésticos, geralmente fechados, com pouca umidade, muito vento e luz limitada, é bastante desafiador. Casas com quintais, por outro lado, oferecem melhores opções de cultivo para as orquídeas, com condições ambientais mais próximas às naturais.
Este artigo apresenta algumas soluções para os problemas típicos de quem pretende cuidar de orquídeas em apartamento ou em interiores de modo geral.
O cultivo de orquídeas em apartamento tem se tornado cada vez mais comum nos centros urbanos, por uma série de diferentes razões relacionadas a espaço e segurança. Sob estas condições não naturais, itens corriqueiros como luz e umidade, essenciais às orquídeas, tornam-se artigos de luxo.
Nos tópicos a seguir, vamos discutir sobre as principais dificuldades de se manter orquídeas saudáveis em apartamento e sugerir meios de contorná-las. Apenas enfatizando que estas dicas também são válidas para quem deseja saber como cuidar de orquídeas no interior de casas ou escritórios.
1. Como cuidar de orquídeas em andares altos
Quando se pensa em orquídeas no apartamento, este é um fator pouco lembrado. As condições de cultivo são muito mais amigáveis nos andares mais baixos. À medida que subimos, a intensidade do vento aumenta consideravelmente. A incidência de luz solar também tende a ser maior, devido à ausência das copas das árvores. Estes fatores fazem com que, nos andares mais altos, tenhamos que redobrar os cuidados com a desidratação das orquídeas, que ocorre em maior grau quando estas são submetidas a ventos constantes e sol intenso.
O planejamento da disposição das orquídeas, na varanda ou janela, pode ajudar a contornar estes problemas. Aquelas mais resistentes, que podem receber mais luminosidade e ventilação, ficam na primeira fila. As mais frágeis vão atrás, protegidas pelo pelotão de frente.
Para uma maior proteção das orquídeas em andares altos, é conveniente utilizar anteparos mecânicos, que podem ser vidro, policarbonato, treliças ou telas de sombreamento. Estes recursos são bastante úteis em áreas abertas, como coberturas e varandas. Sempre lembrando que o fechamento não pode ser total, a fim de propiciar uma adequada ventilação às orquídeas, como veremos a seguir.
2. Como manter as orquídeas bem ventiladas
Confesso que tenho um verdadeiro horror a vento, principalmente no frio. Quando cultivava orquídeas dentro do quarto, sentia uma grande dificuldade em manter a janela aberta, durante o inverno. Como resultado desta fobia, tive vários problemas com pragas, das mais diversas e desagradáveis espécies.
Se por um lado a ventilação é importante para o cultivo saudável das orquídeas, por outro o excesso de vento é prejudicial. Em apartamentos, principalmente nos andares mais altos, torna-se importante fazer um ajuste fino desta variável. Neste sentido, o abrir e fechar das janelas ao longo do dia auxilia no controle da ventilação ideal.
Nas varandas, anteparos como folhagens e telas de sombreamento ajudam a proteger orquídeas mais sensíveis de correntes de vento. Em casos mais delicados, como durante o período de floração, é sempre aconselhável trazê-las para um local mais protegido, dentro de casa. Após as flores murcharem, as orquídeas podem ser colocadas de volta ao ambiente de cultivo.
3. Orquídeas e Luz, como achar a dosagem ideal
Para termos uma melhor noção de quais gêneros de orquídeas podemos cultivar no apartamento, é importante sabermos a quantidade de luz que o imóvel recebe. Para tanto, o melhor parâmetro é sabermos para qual direção as janelas e varandas estão voltadas. Aquelas direcionadas ao norte são as mais ensolaradas.
Apartamentos face leste também são interessante para o cultivo de orquídeas, já que as mesmas apreciam o sol da manhã. Janelas face oeste costumam ficar muito quentes no verão, necessitando de uma tela de sombreamento ou cortina fina para atenuar o sol da tarde. De modo geral, apartamentos face sul não são amigáveis para a maioria das orquídeas, por receberem pouca luz.
Também é importante salientar que a luminosidade decai abruptamente à medida que nos afastamos da janela. Poucos centímetros de distância fazem grande diferença na insolação que a planta recebe. Neste sentido, o ideal é que as orquídeas sejam cultivadas no parapeito da janela, ou o mais próximo possível. Sacadas, áreas de serviço e até mesmo banheiros bem iluminados são locais que podem ser utilizados para cultivar orquídeas em apartamento.
4. Como obter a umidade ideal para as orquídeas
Este é um dos maiores entraves a um cultivo de orquídeas bem-sucedido em apartamento. Ambientes internos, totalmente isolados do solo, tendem a ser extremamente secos, até mesmo para nós humanos. A baixa umidade relativa do ar, além de desidratar e debilitar a planta, favorece o crescimento de pragas, como cochonilhas e pulgões.
Muitas vezes, esquecemo-nos de que itens corriqueiros dos nossos lares contribuem para a baixa umidade relativa do ar, tão prejudicial às orquídeas. Cortinas, tapetes, móveis estofados e até livros, todos são agentes que retiram a umidade do ar, tornando o ambiente mais seco. Neste contexto, os umidificadores de ar ajudam bastante a amenizar o problema. Pequenos tanques de água, fontes e até mesmo aquários são também úteis para a manutenção de um ambiente mais salutar ao cultivo de orquídeas em apartamento ou interiores.
Dicas para cuidar de orquídeas no verão
Outra importante ferramenta para contornar o problema da baixa umidade são os humidity trays, bandejas contendo uma lâmina permanente de água sobre a qual os vasos se apoiam. Para evitar o contato direto da água com o fundo do vaso, que é prejudicial às orquídeas, são adicionados cascalho, brita ou argila expandida. Este material também impede que se forme uma superfície de água exposta, propícia à proliferação do mosquito da dengue.
Sempre me solicitam uma foto deste sistema de bandejas umidificadoras aplicado ao meu ambiente de cultivo, mas costumo fugir da raia por achá-lo extremamente antiestético. Neste artigo, abro uma exceção com fins didáticos, for the sake of clarity.
Esta é uma visão do andar térreo do meu arremedo de orquidário. Embora não estejam em contato direto com as bandejas, as orquídeas penduradas também se beneficiam da umidade proporcionada pela evaporação proveniente destes aparatos. Vale qualquer coisa: bandeja de isopor, banheiro para gato e até formas de bolo. Evidentemente, há opções mais charmosas e esteticamente favoráveis para exercer esta função. Tudo depende da criatividade e do orçamento.
Em dias muito quentes, costuma-se aconselhar a molhar o chão do orquidário, de forma a aumentar a umidade destinada às orquídeas, sem regá-las diretamente, o que poderia ser excessivo. Em um apartamento, distante do solo, o uso destas bandejas promove um efeito equivalente.
5. Como regar as orquídeas
Para os cultivadores de orquídeas em apartamento, uma simples mangueira e um ralo, tão corriqueiros aos donos de quintais, são verdadeiros sonhos de consumo. Nossa varanda tem ralo, mas nenhuma fonte de água por perto. Por esta razão, sou obrigado a transportar todos os vasos para a banheira, uma vez por semana, com o intuito de dar um banho mais caprichado nas orquídeas. Nesta ocasião, todo o excesso de sais provenientes da adubação química é removido do substrato. Também é uma ótima ocasião para garantir que todo o sistema seja plenamente hidratado, coisa que às vezes não acontece durante os banhos de gato com o borrifador.
Evidentemente, não há necessidade de se ter uma banheira para tal finalidade. Eu acho prático, já que uso o chuveirinho e não me molho muito. Mas a rega pode ocorrer no box do banheiro, na pia da cozinha ou no tanque da área de serviço. O importante é molhar abundantemente cada vaso, permitindo que o fluxo de água passe várias vezes por todas as orquídeas.
Na foto acima, coloquei uma orquídea florida apenas para fazer uma graça. Na realidade, não costumo molhar as flores nem os botões florais, para evitar o aparecimento do fungo Botrytis cinerea, que causa aquelas conhecidas pintas amarronzadas nas pétalas e sépalas.
Nos intervalos entre as regas semanais, vou controlando a umidade do substrato com o borrifador, in loco. No verão, em dias muito secos, chego a borrifar as orquídeas duas vezes ao dia, de manhã e no final da tarde. No inverno, em dias úmidos, passo a semana toda sem borrifar. O importante é que o substrato e as orquídeas tenham chance de secar entre uma rega e outra.
6. Como cuidar de orquídeas quanto à adubação
A princípio, não seria de se esperar que houvesse diferenças na adubação de orquídeas cultivadas em apartamento ou em qualquer outro local. No entanto, questões práticas levaram-me a escolher um tipo específico de adubo, o químico, em detrimento de outro, o orgânico. Isto porque a adubação orgânica, geralmente constituída por torta de mamona, farinha de osso, bokashi, entre outros, costuma apresentar alguns inconvenientes para quem cultiva em apartamento. De modo geral, estes componentes precisam sofrer uma decomposição por micro-organismos para liberar os nutrientes à planta. Neste processo, exalam diferentes odores, não muito agradáveis. Em decorrência disso, vários insetos são atraídos. Estes efeitos colaterais costumam incomodar quando as orquídeas são cultivadas dentro de casa ou muito próximo a locais de convívio, como varandas e áreas de serviço.
No cultivo de minhas orquídeas, costumo utilizar um adubo químico NPK, balanceado, contendo macro e micro-nutrientes. Costumo alternar entre formulações para manutenção e para floração, contendo diferentes proporções de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K).
7. Como evitar pragas em orquídeas
Uma das poucas vantagens do cultivo de orquídeas em apartamento é o fato de que determinadas pragas aparecem com menos frequência. Lesmas, caracóis e formigas cortadeiras, por exemplo, só atacam as orquídeas no apê se forem trazidos de fora, por meio de outros vasos. Ainda assim, seu controle e erradicação são fáceis de serem realizados.
Por outro lado, as pragas que chegam pelo ar ocorrem com bastante frequência. A falta de ventilação, em locais fechados, favorece o aparecimento de insetos nocivos, como cochonilhas, pulgões e tripes. Nunca consegui erradicar totalmente estes males, ainda que cultive minhas orquídeas em local bem ventilado, na varanda. O máximo que consigo é mantê-los sob controle, através de métodos de prevenção e erradicação, os mais naturais possíveis.
Frequentemente, leio nos fóruns e grupos de discussão especializados em orquidofilia a recomendação do uso de fungicidas e inseticidas bastante tóxicos, com alto potencial carcinogênico aos seres humanos. São substâncias que requerem o uso de equipamento completo de proteção, como óculos, luvas e botas. No apartamento, esta recomendação não faz sentido, já que a pessoa que aplica pode estar protegida, mas corre o risco de estar borrifando veneno na cabeça do vizinho de baixo, que tranquilamente toma chá em sua varanda.
Neste sentido, opto pelo controle manual, eliminando os insetos nocivos com uma escovinha, água e sabão. É importante ficar sempre atento. De alguma forma, estas pragas parecem saber o lado da planta que não está acessível aos nossos olhos. É lá, na parte de trás, que eles se concentram. Preventivamente, borrifo as orquídeas com óleo de neem, a cada quinze dias. Quando a infestação está fora de controle, apelo para inseticidas pouco tóxicos, à base de água, próprios para jardinagem amadora.
Para quem está começando a cuidar de orquídeas, seja em apartamento ou em outro local, o artigo abaixo dá algumas orientações gerais sobre o que evitar fazer neste início.
Leia Também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário